Ozonioterapia: Perspectivas Promissoras para o Tratamento do Transtorno do Espectro do Autismo
Descubra como a ozonioterapia está se tornando uma promissora abordagem terapêutica para o tratamento de sintomas do autismo

Aviso: Este artigo é apenas informativo e não representa uma recomendação de tratamento. O uso da ozonoterapia deve ser feito sob orientação de profissional especializado.
Introdução
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio neurodesenvolvimental que afeta uma parcela significativa da população infantil em todo o mundo. Caracterizado por déficits na comunicação e interação social, bem como por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, o TEA representa um desafio clínico e científico devido à sua complexidade e heterogeneidade. Embora sua causa não esteja completamente elucidada, evidências apontam para a influência de fatores genéticos, ambientais, imunológicos e metabólicos.
Por ser um transtorno comportamental sindrômico, não há o que poderia ser chamado de cura para o TEA e os tratamentos existentes concentram-se principalmente em intervenções comportamentais e educacionais, visando melhorar as habilidades sociais, cognitivas e adaptativas das crianças afetadas. Embora alguns medicamentos sejam utilizados para aliviar sintomas associados ao TEA, como irritabilidade, agressividade, hiperatividade, ansiedade e distúrbios do sono, muitas vezes não são eficazes e podem apresentar efeitos colaterais indesejáveis.
Em busca de soluções terapêuticas mais eficazes, famílias de crianças com TEA têm buscado alternativas, e a ozonioterapia tem despertado interesse como uma opção promissora. A ozonioterapia envolve a administração de uma mistura de ozônio e oxigênio por via endovenosa ou subcutânea. O ozônio, uma molécula composta por três átomos de oxigênio, exibe propriedades oxidantes que podem ter efeitos benéficos no estresse oxidativo, na inflamação e na imunomodulação, processos implicados na patogênese do TEA.
Explorando a Hipótese da Ozonioterapia no Tratamento do TEA
Um recente artigo publicado na revista “Autism-Open Access” propõe uma hipótese de pesquisa que examina o papel potencial da ozonioterapia no tratamento do TEA. Os autores defendem que o ozônio pode melhorar os sintomas comportamentais, cognitivos e sociais das crianças com TEA por meio de vários mecanismos de ação.
- Ativação de enzimas antioxidantes: A ozonioterapia desencadeia a ativação de enzimas antioxidantes endógenas, como a superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GPx). Essas enzimas têm papel fundamental na proteção contra o estresse oxidativo, neutralizando os radicais livres gerados durante processos metabólicos. A ativação dessas enzimas pelo ozônio promove um equilíbrio redox celular, reduzindo a produção excessiva de espécies reativas de oxigênio e prevenindo danos oxidativos às células.
- Modulação de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias: A ozonioterapia pode modular a produção e a atividade de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), a interleucina-1 beta (IL-1β) e a interleucina-6 (IL-6), bem como de citocinas anti-inflamatórias, como a interleucina-10 (IL-10). Essa modulação citocinica ocorre por meio da inibição da expressão de genes proinflamatórios e do estímulo à expressão de genes anti-inflamatórios. O resultado é uma redução do estado inflamatório local, diminuição da resposta imune exacerbada e, consequentemente, uma possível melhoria nos processos de reparação e regeneração tecidual.
- Estimulação do metabolismo celular: O ozônio estimula o metabolismo celular por meio de diferentes mecanismos. Ele promove o aumento da atividade da cadeia respiratória mitocondrial e a produção de trifosfato de adenosina (ATP), a principal molécula de energia nas células. Além disso, o ozônio pode modular a expressão de genes relacionados ao metabolismo energético, como o gene PGC-1α, um regulador chave do metabolismo mitocondrial. A estimulação do metabolismo celular pela ozonioterapia resulta em maior disponibilidade de energia para processos de reparação tecidual, síntese de novas proteínas e comunicação neuronal.
- Efeitos analgésicos e vasodilatadores: A ozonioterapia tem sido associada a efeitos analgésicos e vasodilatadores. O ozônio promove a liberação de óxido nítrico (NO) a partir dos glóbulos vermelhos e do endotélio vascular. O NO é um potente vasodilatador que melhora a circulação sanguínea local, promovendo um aumento do suprimento de oxigênio e nutrientes para os tecidos. Além disso, o NO também pode exercer um efeito analgésico, diminuindo a sensação de dor através da inibição de vias de sinalização relacionadas à dor e à inflamação.
Esses mecanismos bioquímicos da ozonioterapia são fundamentais para compreender os efeitos terapêuticos observados em diferentes condições clínicas, incluindo o TEA.
Embora a hipótese seja promissora, é importante ressaltar que há uma escassez de estudos sobre a ozonioterapia no contexto do TEA, e são necessários mais ensaios clínicos randomizados e controlados para avaliar sua eficácia e segurança. A ozonioterapia no tratamento do TEA ainda requer mais investigação antes de ser considerada uma abordagem terapêutica estabelecida.
Aviso: Este artigo é apenas informativo e não representa uma recomendação de tratamento. O uso da ozonoterapia deve ser feito sob orientação de profissional especializado.
Referências:
- Siniscalco, D., & Luongo, C. (2015). Research hypothesis in autism: The role of therapeutical ozone. Autism-Open Access, 5(1), e129. https://doi.org/10.4172/2165-7890.1000e129
- Zeng, J., & Lu, J. (2018). Mechanisms of action involved in ozone-therapy in skin diseases. International Immunopharmacology, 56, 235-241. https://doi.org/10.1016/j.intimp.2018.01.040
- Liu, L., Zeng, L., Gao, L., Zeng, J., & Lu, J. (2022). Ozone therapy for skin diseases: Cellular and molecular mechanisms. International Wound Journal, 19(1), 14060. https://doi.org/10.1111/iwj.14060