Desbalanço Intestinal e Autismo: O Papel das Vitaminas na Conexão Cérebro-Intestino

Descubra como a deficiência de vitaminas pode afetar a microbiota intestinal e influenciar os sintomas do autismo.

Aviso: Este artigo é apenas informativo e não representa uma recomendação de tratamento. O uso da qualquer suplementação deve ser feito sob orientação de profissional especializado.

Introdução

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social de aproximadamente 1% da população mundial. Embora sua base genética seja bem estabelecida, também é reconhecido que fatores ambientais, como a nutrição, desempenham um papel importante nesse transtorno. As vitaminas são nutrientes cruciais para o adequado funcionamento do organismo, especialmente do sistema nervoso e do sistema imunológico. Algumas vitaminas, como A, B12, D e K, são produzidas ou metabolizadas pela microbiota intestinal, que consiste em um conjunto de micro-organismos que habitam o trato digestivo. A microbiota intestinal desempenha um papel essencial na modulação do eixo microbiota-intestino-imune-cérebro, que é uma via de comunicação bidirecional entre o intestino e o cérebro, envolvendo moléculas inflamatórias, hormônios e neurotransmissores. Quando ocorre um desequilíbrio na composição ou na função da microbiota intestinal, conhecido como disbiose, pode haver alterações nesse eixo, afetando o desenvolvimento e a plasticidade cerebral, além da resposta imunológica.

Desenvolvimento

Em artigo recente publicado na revista Nutritional Neuroscience (2019), de nossa autoria, discutimos como a deficiência de vitaminas pode causar disbiose intestinal e alterar o eixo microbiota-intestino-imune-cérebro em indivíduos com autismo, podendo contribuir para comorbidades, bem como, com a gravidade do transtorno. Ressaltamos que a suplementação de vitaminas pode representar uma estratégia terapêutica potencial para melhorar os sintomas gastrointestinais e comportamentais associados ao autismo.

Nossa pesquisa destaca que as vitaminas desempenham um papel essencial na manutenção de uma microbiota intestinal saudável. A deficiência de vitaminas pode comprometer a diversidade microbiana e a função metabólica dos micro-organismos intestinais, levando a uma disbiose. Esse desequilíbrio na microbiota intestinal pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, influenciando a permeabilidade intestinal e afetando a função de barreira. Além disso, a disbiose também pode alterar a produção de neurotransmissores e moléculas inflamatórias, que desempenham um papel fundamental na comunicação entre o intestino e o cérebro.

A relação da disbiose intestinal, a deficiência de vitaminas e o autismo tem implicações significativas para a compreensão dos mecanismos subjacentes a esse transtorno complexo. A modulação da microbiota intestinal por meio da suplementação de vitaminas pode representar uma abordagem terapêutica promissora, uma vez que busca corrigir as deficiências nutricionais e restaurar o equilíbrio da microbiota. Embora mais estudos sejam necessários para confirmar os efeitos benéficos da suplementação de vitaminas em indivíduos com autismo, essa abordagem representa uma importante linha de pesquisa e intervenção clínica.

Conclusão

A relação da deficiência de vitaminas, a disbiose intestinal e o eixo microbiota-intestino-imune-cérebro em indivíduos com autismo é um campo de pesquisa em expansão. Nosso estudo demonstra a importância das vitaminas na manutenção de uma microbiota intestinal saudável e destaca a possível contribuição da deficiência de vitaminas para a gravidade do transtorno. A suplementação de vitaminas pode ser considerada como uma estratégia terapêutica potencial para melhorar os sintomas gastrointestinais e comportamentais associados ao autismo. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender de maneira mais clara essa complexa relação e para estabelecer diretrizes claras para a intervenção clínica.

Referência:

Ribeiro R, Nicoli JR, Santos GESIVALDO, Lima-Santos J. Impact of vitamin deficiency on microbiota composition and immunomodulation: relevance to autistic spectrum disorders. Nutr Neurosci. 2019;24(3):1-13. doi: 10.1080/1028415X.2019.16604852

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