Efeitos Neurotóxicos do Cobre no Autismo
Autores: Gesivaldo Santos1, Julita M.P. Borges2, Marco Avila-Rodriguez3, Silvana B. Gaíno4, George E. Barreto5, Érika P. Rúbio2, Rosane M. Aguiar2, Eduardo Galembeck6, Cattiúscia B. Bromochenkel7 and Djalma M. de Oliveira2.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser considerado um distúrbio neurodesenvolvimental caracterizado pela quase total ausência de interação social e pela presença de comportamentos repetitivos e estereotipados [1-3]. Em comparação com outras doenças, na doença de Alzheimer (DA), há um acúmulo de beta-amiloide(Aβ) e placas neurofibrilares, estritamente associados a alterações na arquitetura celular ou neurodegeneração. Em ambos os casos, a Rede de Modo Padrão (RMP) parece sofrer desequilíbrios no conectoma, levando a mudanças interoceptivas, bem como déficits na cognição social. A rede de modo padrão forma um complexo que inclui o lobo temporal medial, parte do córtex pré-frontal medial, córtex cingulado posterior, córtex medial e inferolateral, precuneus, córtex parietal e hipocampo (Fig. 1) [4]. Esse mecanismo desempenha um papel notável no desenvolvimento de atividades relacionadas à atenção, memória, consciência, introspecção e está ativo mesmo quando o cérebro não está executando tarefas conscientemente direcionadas, como durante o estado de repouso [4, 5]. Nessa condição, a RMP consome uma grande quantidade de glicose e, portanto, pode tornar-se altamente suscetível a alterações que envolvam o metabolismo cerebral ou a sincronização de rede na frequência de banda gama [5, 6]. A energia cerebral alterada parece estar associada a vários distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Na DA, por exemplo, a interrupção da conectividade na RMP devido à redução da captação de glicose precede o depósito de Aβ [6]. Da mesma forma, em indivíduos com TEA, cujo cérebro não apresenta depósito de Aβ, a interrupção da conectividade da RMP também é observada. Ao mesmo tempo, em um subtipo de cérebro autista, estudos têm encontrado um aumento anormal de fatores de crescimento, como BDNF-alfa e somatomedinas 1 e 2, sugerindo um desequilíbrio metabólico [7]. Além disso, foi encontrado o envolvimento do precursor amiloide (APP), uma enzima chave na doença de Alzheimer, cujos produtos, sAPP-α e amiloide-beta (Aβ), estão em níveis anormais no TEA (Fig. 1)[4]. A proteína Aβ resulta da clivagem do APP, no domínio extracelular, como consequência das enzimas beta (β) e gama (γ) secretases (Figura 2). Essas clivagens levam à formação de formas variantes de Aβ, como Aβ1-40 e Aβ1-42, como observado na doença de Alzheimer (DA) [8]. Acredita-se que a forma não-amiloide do Aβ seja responsável por reduzir o estresse oxidativo neuronal, provavelmente controlando o processo de conversão de Cu-II para Cu-I (Figura 3) [9]. Assim, se diferentes formas da proteína APP foram alteradas no TEA e na DA, e considerando a RMP como o principal alvo da proteína Aβ, investigar como ambos os peptídeos podem estar atuando na RMP no TEA é altamente relevante.
Para ler o nosso artigo original em inglés, clique aqui
.